O Papel da Sustentabilidade na Recuperação Econômica Pós-Pandemia
Especialistas analisam como práticas sustentáveis podem impulsionar empresas em um cenário de retomada econômica global
Com a retomada econômica global após os impactos severos da pandemia de COVID-19, especialistas apontam que a sustentabilidade está se tornando um fator essencial para garantir competitividade e crescimento empresarial. À medida que governos, investidores e consumidores reforçam a importância de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG), empresas que adotam estratégias sustentáveis se destacam na recuperação econômica.
A crise sanitária expôs fragilidades em diversas cadeias produtivas e acelerou a necessidade de mudanças estruturais nas operações corporativas. Além disso, a crescente regulamentação ambiental e a pressão por transparência nas políticas empresariais fizeram com que grandes companhias reformulassem seus processos produtivos para atender a novas exigências de mercado.
De acordo com a Bloomberg Intelligence, os investimentos em ativos ESG devem ultrapassar US$ 50 trilhões até 2025, representando mais de um terço dos investimentos globais. Empresas que já incorporam essas práticas vêm se beneficiando de incentivos fiscais, linhas de crédito diferenciadas e maior aceitação no mercado de capitais. No Brasil, programas como o Plano Nacional de Recuperação Verde, lançado em 2021, incentivam o setor produtivo a adotar modelos sustentáveis como forma de impulsionar o crescimento econômico.
Para entender como essas mudanças impactam as empresas na prática, consultamos a especialista em gestão estratégica e inovação financeira, Sandra Lima, que, até 2021, acumulava quase três décadas de experiência no setor de celulose, papel e embalagens. Durante sua atuação como Gerente de Operações Financeiras do Grupo Orsa e Jari Celulose, Sandra esteve diretamente envolvida em projetos de reestruturação e financiamento sustentável para modernização industrial.
Sandra Lima, especialista em gestão estratégica e inovação financeira.
"Estamos vendo uma mudança de paradigma no mundo empresarial. Empresas que integram práticas sustentáveis aos seus processos não apenas ganham competitividade, mas também asseguram sua longevidade no mercado. No setor de celulose e papel, por exemplo, o investimento em fontes renováveis de energia e reflorestamento já é uma realidade consolidada, mas a pandemia acelerou essa necessidade para todos os segmentos da economia", explica Sandra.
Ela destaca que um dos grandes desafios para as empresas é a captação de recursos para implementar essas transformações. "Nos últimos anos, houve uma ampliação das linhas de crédito voltadas para investimentos sustentáveis. Instituições como o BNDES e o Banco da Amazônia têm oferecido financiamentos com condições especiais para projetos que envolvem inovação ambiental e eficiência energética. No entanto, muitas empresas ainda precisam se adaptar para atender aos critérios necessários para acessar esses recursos", afirma.
Além do impacto ambiental positivo, Sandra ressalta que práticas sustentáveis têm um efeito direto na performance financeira das empresas. "Estudos indicam que organizações com políticas ESG bem estabelecidas apresentam menor risco financeiro e melhor desempenho no longo prazo. Isso ocorre porque elas tendem a ser mais resilientes, atraindo investidores e consumidores cada vez mais conscientes sobre o impacto social e ambiental das marcas que apoiam", acrescenta.
Com um cenário econômico em reconstrução, a adoção de estratégias sustentáveis não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para empresas que desejam se destacar na nova economia global. Especialistas reforçam que, além do impacto positivo para o meio ambiente e a sociedade, a sustentabilidade é um dos pilares da recuperação econômica no período pós-pandemia, criando oportunidades para inovação, crescimento e solidez financeira no mercado.
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